Resumo e análise da obra: Boca de Ouro – Nelson Rodrigues
A partir da morte de Boca de Ouro, famoso bicheiro que teria mandado substituir todos os dentes por próteses de ouro (símbolo de vitória sobre a origem miserável), temos, a partir de uma reportagem policial, três versões do protagonista que nos são dadas por sua ex-amante, Dona Guigui. A cada versão, dependendo do estado emocional da mulher, surge um novo Boca de Ouro. Resumo
Boca de ouro é uma tragédia carioca em três atos escrita por Nelson Rodrigues em
1959.
O chofer de um ônibus que Nelson Rodrigues pegava para ir almoçar na casa da mãe tinha todos os 27 dentes de ouro. Orgulhoso de seu xodó, dizia sempre que os dentes eram de ouro maciço, 24 quilates. Impressionado com a história, o dramaturgo resolveu escrever uma peça que combinasse a dentadura dourada do motorista com uma personagem real do submundo carioca, o bicheiro Arlindo Pimenta.
Assim nasceu Boca de Ouro, o bicheiro de Madureira que mandou trocar todos os dentes brancos e perfeitos de sua boca por pivôs de ouro puro. Malandro e cheio da legítima ginga carioca, Boca de Ouro nasceu numa pia de gafieira e seu primeiro banho foi com água de bica. Morre de complexo por causa da sua origem. Estrutura Por ser praticamente toda embasada nas lembranças de dona Guigui, Boca de Ouro dá margem a muitas interpretações. A falta de unidade da peça, porém, é apenas aparente; em essência não há nenhuma contradição. As três versões para um mesmo assunto (o bicheiro) podem ter vários significados, mas certamente estão ligadas à própria condição psicológica da narradora no momento.
Por causa da mágoa de ter sido abandonada, dona Guigui constrói, de início, um Boca de Ouro fascínora. Capaz de matar só porque lhe lembraram sua origem, numa pia de gafieira. Assim que fica sabendo da morte dele, pelos próprios repórteres que foram entrevistá-la, a paixão de dona Guigui explode novamente e ela chega a omitir que
Boca de Ouro assassinou Leleco, na