Resumo: A interpretação das culturas, Clifford Geertz, pags. 185-213.
Clifford Geertz relata sua experiência em Bali, no ano de 1958, onde estudou antropologicamente os aspectos das brigas de galos, um componente essencial da cultura balinesa, embora na maioria das vezes um processo ilegal. Geertz foi inicialmente mal-recebido na aldeia, porém, após um evento de teor cômico, em que fugiu de uma emboscada policial durante uma rinha de galos,o antropólogo foi subitamente integrado ao grupo, “pois em Bali, ser caçoado é ser aceito”. As rinhas de galo fazem parte de uma paixão particularmente masculina e especialmente masculina, de modo que jovens e mulheres ou crianças nunca participam das disputas. Os homens tratam de seus galos com muito esmero e existem até fábulas específicas sobre galos lutadores e homens da aldeia. Geertz faz um densa descrição sobre a estrutura complexa das apostas, pois uma das características libanesas é tornar algo relativamente simples em algo complexo. A identificação dos homens com seus galos é incontestável e, ao identificar-se com o galo, o homem balinês está se identificando não apenas com seu eu ideal, ou mesmo com seu pênis, mas também com aquilo que ele mais teme, odeia e que mais o fascina – “Os Poderes das Trevas”. Nos jogos profundos, onde as apostas em dinheiro são elevadas, está em jogo muito mais que o lucro material: o saber, a estima, a honra, a dignidade e o respeito – de modo geral o status – mas apenas de modo simbólico. Para alguns balineses, as rinhas de galo são um brincar com fogo, mas sem se queimar.
Essas disputas também são como máscaras que revelam a identidade do homem balinês. Na briga de galos o balinês forma e descobre seu temperamento e o temperamento de sua sociedade ao mesmo tempo. Mais exatamente, ele forma e descobre uma faceta particular deles.