Resumo: A democratizacao de 1945 e o movimento queremista
A democratização de 1945 e o movimento queremista
Jorge Ferreira O movimento queremista foi uma mobilização de massa, somente comparado à da ALN e das Diretas Já. Soa como estranho: cai a ditadura do Estado Novo, mas cresce o prestígio do ditador; vislumbra-se o regime democrático e, no entanto, os trabalhadores exigem a permanência de Vargas no poder.
O queremismo, antes de ser apressadamente interpretado como a vitória final de um suposto condicionamento homogeneizador da mídia do Estado Novo, expressou uma cultura política popular e a manifestação de uma identidade coletiva dos trabalhadores, resultados de experiências vividas e partilhadas entre eles, ao mesmo tempo políticas econômicas e culturais, antes e durante o primeiro governo de Vargas.
Tratava-se de ampla mobilização popular pela instalação de uma assembléia Constituinte com Vargas (ainda no poder) para que depois fossem realizadas eleições, nas quais ele, Getúlio, pudesse ser candidato à presidência.
Primeiro movimento
Com o avanço das tropas aliadas e a derrota do nazifascismo europeu, o Estado Novo, sobretudo o segundo semestre de 1944, dava mostras de esgotamento político. Com o desgaste na censura, as críticas na imprensa, majoritariamente hostis a Vargas, tornaram-se virulentas.
Estudantes universitários promoveram um comício na Praça da Sé e, para grande surpresa dos manifestantes, centenas de pessoas de aparência humilde mas profundamente indignadas, chegaram na praça e começaram a vaiar os jovens universitários. Em defesa de Getúlio, gritavam: “nós queremos Getúlio!”.
Era difícil para os grupos sociais culturalmente eruditos compreenderem as razões de tal inconformismo. As manifestações favoráveis a Getúlio eram causadas pelo temor de que sua saída culminasse na supressão dos benefícios da legislação social, dadas as desconfiaças em relação ao grupo político que se preparava para assumir o poder.
Ainda que os trabalhadores estivessem sofrendo com a