RESUMO SÃO BERNARDO
Então concentrei minhas esperanças em Lúcio Gomes de Azevedo Gondim.
Trabalhamos juntos por alguns dias, fumávamos enquanto discutíamos o enredo, tudo estava fluindo entre a gente, porém o resultado não foi nada bom. Dias depois o redator mostrou-me alguns capítulos, não gostei e zanguei-me, mandei Gondim ao inferno por escrever aquelas idiotices! O periodista, por sua vez, explicou-me o porquê escrevera daquele jeito, dizendo que não se escreve do jeito que se fala.
“- Foi assim que sempre se fez. A literatura é a literatura, Seu Paulo. A gente discute, briga, trata de negócios naturalmente, mas arranjar palavras com tintas é outra coisa. Se eu fosse escrever como falo, ninguém me lia.”
Decidi então abandonar a empresa e escrever sozinho esse livro, valendo-me dos meus próprios recursos, até foi bom ter deixado os amigos de fora, desta forma posso expor fatos que jamais revalaria a ninguém, só revelarei aqui, pois a obra será publicada com pseudônimo. O leitor que me perdoe, pois terão que ter a bondade de, quando lerem isto, traduzir para a linguagem literária, porque sou versado apenas em estatística, pecuária, agricultura e escrituração mercantil, conhecimentos que não agregarão em nada na literatura.
Ocupei minha vida a fim de adquirir as terras de São Bernardo e fazer alguns empreendimentos. “Ocupado com esses empreendimentos, não alcancei a ciência de João
Nogueira nem as tolices do Gondim. As pessoas que me lerem terão, pois, a bondade de traduzir isto em linguagem literária, se quiserem. Se não quiserem, pouco se perde. Não pretendo bancar escritor. É tarde para mudar de profissão.”
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O livro em questão é narrado em 1° pessoa, o narrador é onisciente pessoal. A obra está no