Resumo Platão
A república - Livro X
• Introdução:
Para entender a sua obra, é preciso descobrir uma teoria estética que, por sua vez, implica uma teoria da própria cultura grega. Isso porque a poesia representou o veículo comum de transmissão e conservação de valores, costumes, sabedorias e crenças de uma geração a outra, através da memória e da oralidade. A escrita introduzida na Grécia foi amplamente utilizada após o século IV a.C marcando uma ruptura com a tradição oral. Com isso, Platão viveu efetivamente a crise da tecnologia da comunicação oral, e o surgimento do discurso em prosa, de natureza filosófica, especulativa e critica, se apresentou como um dos agentes, e ao mesmo tempo um dos sintomas, dessa transformação fundamental tanto da cultura e da linguagem quanto da disposição mental do homem grego. Assim pode-se entender a atitude de Platão com os poetas (especialmente Homero) e o sentido do surgimento de um pensamento filosófico como contraponto (harmonia de vozes) à visão estética e motológica do mundo.
• A poesia como mimeses (Para Platão toda a criação era uma imitação, até mesmo a criação do mundo era uma imitação da natureza verdadeira (o mundo das ideias). Sendo assim, a representação artística do mundo físico seria uma imitação de segunda mão. Imitação das aparências, da realidade.)
- Na discussão do Íon, veremos um poeta não propriamente como artista, mas como inspirado pelos deuses e possuído. Platão privilegia o aspecto religioso que envolve o fenômeno estético na cultura grega, desconsiderando por completo a dimensão técnica que estaria na base do fazer artístico. Ele atribui o enunciado poético de seu valor de verdade e não entende o ato de poetar como uma forma de arte, gerando desagradavelmente o tipo de saber conservado e transmitido pelos poetas. O Íon recita belamente os versos homéricos não por arte ou por conhecimento, mas simplesmente por inspiração divina e possessão (devido a uma determinação externa, a partir da