RESUMO: MOVIMENTOS SOCIAIS, PARTICIPAÇÃO E DEMOCRACIA
Foi o tema escolhido para o Seminário Nacional comemorativo dos 21 Anos do Núcleo de Pesquisa em Movimentos Sociais da Universidade Federal de Santa Catarina, organizado em parceria com a Rede Participação e Inovação Institucional. Tema e momento para resgatar os rumos da pesquisa e da produção na área temática, nessas últimas décadas. O que a literatura das Ciências Sociais brasileira revela sobre o assunto? Quais têm sido as principais tendências paradigmáticas e temáticas, e quais são as perspectivas interpretativas emergentes? Eis alguns pontos para nossa reflexão.
Entre 1970 e 1980, começava a tentativa de interpretar os movimentos sociais urbanos da sociedade brasileira e se possível entender o “novo sindicalismo” nascente. Diante do projeto de redemocratização do Estado e da sociedade, a multiplicidade de identidades coletivas (trabalhador, morador, mulher, etc.) de organizações emergentes, por outro, tornaram-se focos de atenção. Os “estudos de caso” se multiplicaram, ampliando, assim, o conhecimento sobre uma realidade ainda pouco estudada.
A ideia sobre a existência de uma pluralidade de sujeitos, portadores possíveis de múltiplas identidades, levou os pesquisadores a buscarem referenciais para além daquele corte paradigmático, tais como em Thompson, Heller, Offe, Laclau, Mouffe, Evers, Touraine, Melucci, Guattari, Castoriadis e muitos outros. Iniciava-se, assim, o diálogo com as teorias dos “novos movimentos sociais”.
As análises centradas nos aspectos político-institucionais dos movimentos sociais também foram tomando relevância, acompanhando a necessidade de releituras desse fenômeno a partir do processo de redemocratização, destacando-se que, diante da fragilidade da institucionalidade, era necessário entender o sentido e a dinâmica das revoltas das massas, como os quebra-quebras e as ocupações de terras.
Raramente se estabelecia um diálogo intelectual entre esses dois universos,