RESUMO - Mary Kato
No texto “A gramática nuclear e a língua-I do brasileiro” Mary Kato fala sobre o problema principal que ela enxerga na aprendizagem na área da língua materna, segundo ela é a distância entre a língua falada, vernacular, pré-letramento e a língua escrita institucionalizada. Outro problema é a falta de contato das crianças, nas classes mais baixas, com a escrita de livros de histórias, o que faz com que as características da gramática não sejam absorvidas inconscientemente por elas. A autora resume as diferenças entre a aprendizagem da primeira língua (L1) para a aprendizagem da escrita ou de uma segunda língua. Na L1, toda criança adquire perfeitamente a sua gramática nuclear até a fase pré-escolar; a perfeição e o tempo da aquisição, se deve à capacidade biológica da criança, que seleciona sua gramática a partir do que ouve, usando as propriedades binárias ou os parâmetros da Gramática Universal, com a qual ela vem dotada. Na L2 e na escrita, a aprendizagem é culturalmente e não biologicamente determinada, havendo, portanto, mais diferenças individuais, ao contrário da L1; o sucesso depende de dados negativos e positivos (correções), e a aprendizagem pode ser mais lenta e não instantânea como em L1. O que a linguística brasileira vem fazendo é revelar aspectos da gramática do PB falado por adultos, na sociolinguística e nos estudos sintáticos formais e funcionais. Ela também vem revelando diacronicamente algumas mudanças gramaticais que vem ocorrendo nos textos escritos por brasileiros, e vem ainda desvendar a aquisição da sintaxe no início da fala da criança brasileira. No entanto, sabemos pouco do que a criança pré-escolar sabe antes do contato com a escrita, e também sabemos pouco do que o letrado sabe e faz independentemente das gramáticas prescritivas. A criança pode ter uma pequena periferia diferente de outras crianças se for exposta oralmente a textos escritos, e cada uma delas, na fase pré-escolar, tem a sua língua-I