Resumo manuscritos econômicos filosóficos
CENTRO DE CIENCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES.
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
CURSO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
MEAD, Margareth. Sexo e temperamento. São Paulo: Perspectiva, 1988, p.19-25.
O homem constrói para si mesmo uma trama de cultura em cujo interior cada vida humana foi dignificada pela forma e pelo significado. Cada cultura cria de modo distinto a tessitura social em que o espírito humano pode enredar-se com segurança e compreensão, classificando recompondo e rejeitando fios na tradição histórica que ele compartilha com vários povos vizinhos, pode inclinar cada indivíduo nascido dentro dela a um tipo de comportamento, que não se reconhece idade, nem sexo, nem tendências especiais como motivos para a elaboração diferencial. Ou então uma cultura apodera-se dos fatos realmente óbvios. Quando ouvimos dizer que, entre os Mundugumor da Nova Guiné, as crianças que nasceram com o cordão umbilical em volta do pescoço, são distinguidas como artistas de direito inato e indiscutível, sentimo-nos diante de uma cultura que institucionalizou um tipo de temperamento que reputarmos anormal. Mesmo quando deparamos casos menos patentes de elaboração cultural, nosso distanciamento crítico, nossa capacidade de sorrir a esses arroubos de imaginação permanece inalterado. Todavia, quando dessas construções primitivas e evidentes por si mesmas passamos para pontos de elaboração que partilhamos com povos primitivos, para pontos em que não mais somos espectadores, porém partícipes de direito, nosso distanciamento desaparece. No entanto, as insistências nas mil e uma diferenças inatas entre homens e mulheres, muitas das quais não mostram relação com fatores biológicos do sexo do que tem a habilidade de pintar com a forma do nascimento, e outras diferenças que apresentam uma congruência com o sexo que não é nem universais nem necessárias essas sim, não consideraram fruto da imaginação da mente humana, ocupada em dar significado a uma existência