Resumo livros os bichos
Nero, no fim da vida, já surdo, sem forças e meio cego, recorda os seus tempos de jovem perdigueiro alegre e folgazão, embora quase sempre ausente ele sentia o filho do dono como seu verdadeiro dono, as caçadas pelos montes, as brincadeiras com o seu amigo Fadista, seu filho que herdou da mãe o jeito para a caça e os mimos e carícias da filha mais nova da casa, a sua menina, a única em que viu lágrimas dos olhos por si, à hora em que fechou os seus para sempre e entregou a alma ao criador.
Mago, o gatarrão farto e pesado, sofrendo de humilhações dos seus pares, as ironias sobre as namoradas, a comida, a sua falta de virilidade. Ainda lhe provocavam um arrepio as lembranças da juventude pelos telhados fora, os ciúmes, os gritinhos de amor, mas a verdade é que o corpo acostumara-se à boa vida e, sempre que tentava regressar aos velhos tempos, só passava vergonhas junto da vizinhança ágil. Desistiu de vez e regressou aos braços fofos da sua dona.
Madalena, a rapariga da aldeia que, pelo S. Martinho, comera castanhas e vinho e acabou rolando na palha com Armindo e grávida, andava agora, em pleno Verão, levara até ao fim o segredo que conseguira manter só seu. Saiu de casa de madrugada, sabendo que tinha chegado a hora de nascer o fruto de um minuto de fraqueza. Não queria manchar a sua imagem junto do povo da aldeia e decidiu procurar ajuda do outro lado da serra. Mas as dores apertavam cada vez mais e ela teve de parar, sob um sol escaldante. Ali pariu o seu filho e descansou finalmente. Quando deu acordo de si, a criança assentava morta no chão e ela respirou de alívio. Limpou-se, largou os trapos sujos e enterrou o filho. Depois, regressou à aldeia.
Morgado era um macho alegre e bem tratado de um almocreve que, anos a fio, cumpria as suas tarefas sem reclamar, sempre uma manta ao fim do dia a resguardar dos resfriados e a manjedoura cheia de bom milho. Só que aquele dia começara mal o dono acordara de mau modo e anunciou-lhe seis