RESUMO LITERÁRIO Álvares de Azevedo, Noite na Taverna
A obra
Numa taverna, sem indicação de lugar ou de época, jovens bêbados contam histórias trágicas, impregnadas de vícios e de crimes hediondos, que vão de assassinatos a incestos, de infanticídios e fratricídios. Todos os casos são repassados de amor pervertido, cujos pares se envolvem em relações delirantes absurdas e inverossímeis.
Os sete contos que compõem o livro ("Uma noite do século", "Solfieri", "Bertram", "Gennaro", "Claudius Hermann", "Johann" e "Último beijo de amor") constituem um raro exemplo da prosa da geração ultra-romântica à qual pertencia Álvares de Azevedo.
Essa geração foi marcada pelo mal-do-século (pessimismo e depressão) e pelo byronismo (marcado pelos comportamentos egocêntricos e desvairados, que desafiam as convenções sociais e mostram uma tendência autodestrutiva). Tudo isso aparece nos contos de Noite na Taverna.
1. Uma Noite no Século
Este conto constitui uma espécie de apresentação do ambiente da taverna, da roda de bebedeira, de devassidão em que se encontram os personagens, do clima notívago e vampiresco. O tom declamatório anuncia a noitada e as história que estão por vir. - Silêncio, moço! acabai com essas cantilenas horríveis! Não vedes que as mulheres dormem ébrias, macilentas como defuntos? Não sentis que o sono da embriaguez pesa negro naquelas pálpebras onde a beleza sigilou os olhares de volúpia? - Cala-te, Johann! enquanto as mulheres dormem e Arnold - o loiro - cambaleia e adormece murmurando as canções de orgia de Tieck, que música mais bela que o alarido da saturnal? Quando as nuvens correm negras no céu como um bando de corvos errantes, e alua desmaia como a luz de uma lâmpada sobre a alvura de uma beleza que dorme, que melhor noite que a passado ao reflexo das taças? - És um louco, Bertram! não é a lua que lá vai macilenta: é o relâmpago que passa e ri de escárnio às agonias do povo que morrem aos soluços que seguem as