Resumo lilian fessler vaz
Análise Social, vol. xxix (127), 1994 (3.°), 581-597
Dos cortiços às favelas e aos edifícios de apartamentos — a modernização da moradia no Rio de Janeiro**
À procura dos sentidos da modernização buscamos no surgimento da cidade moderna os seus elementos mais significativos. Dentre os vários novos tipos de edificação ou esferas de vida, como os denomina Habermas (1987), desde fábricas até arranha-céus, destaca-se a habitação coletiva.
Este paper esboça uma história da moradia nos tempos modernos no Rio de
Janeiro, tendo como ponto de partida as habitações populares coletivas e insalubres surgidas a partir do processo de urbanização e industrialização. Acompanhando passo a passo as transformações havidas no espaço urbano e na habitação, delineia-se uma sequência de tipos arquitetônicos claramente definidos, que se inicia com as estalagens, os cortiços, as casas-de-cômodos e as avenidas, às quais se seguem as vilas. Posteriormente inicia-se o processo de verticalização, com o surgimento do edifício de apartamentos. Paralelamente desenvolvem-se as favelas, num contraponto que assinala as desigualdades sociais no espaço urbano.
Esta reconstituição histórica mostra claramente como no processo de modernização a moradia apresenta uma série de melhoramentos de ordem higiénica, espacial e construtiva que foram sendo incorporados pela ação do mercado e/ou do Estado. Este processo, no entanto, se fez acompanhar de forte exclusão social, afastando os grupos de menores rendimentos dos benefícios desta modernização.
Outros aspectos teóricos destacados são a fragmentação do espaço e a relação moradia/trabalho. A CIDADE DO RIO DE JANEIRO
O período que compreende a segunda metade do século xix e primeiras décadas do século xx foi marcado por mudanças de ordem económica, social, política, cultural e espacial. Em meio a estas transformações estruturais começou
*Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) e Instituto de Pesquisa e