Resumo gramática tradicional e senso comum
O preconceito linguístico se manifesta através da gramática tradicional materializada pela gramática normativa. Assim, a gramática tradicional (GT) é considerada a “alma” e a gramática normativa (GN), o corpo.
Por isso, se diz que as gramáticas normativas podem diferir umas das outras, apresentando mudanças ao longo do tempo, quando comparadas no nível do gênero literário. A Gramática Tradicional por sua vez, não tem autor, permanece viva até os dias de hoje, pois faz investigações da linguagem por alguns dos mais brilhantes pensadores da história da humanidade. Ela é o ponto de partida da atividade científica e especulativa da Línguística e Filosofia da Linguagem.
Porém o motivo pelo qual se critica a GT é nos usos e abusos perpretados por aqueles que impuseram-lhe o papel de doutrina canônica, de verdades eternas. Ela não pode ser responsabilizada pelas distorções ideológicas a que tem sido submetida ao longo da História por aqueles que se dizem seus “defensores”.
Historicamente, a Gramática Tradicional repousa em bases epistemológicas que remontam a uma fase do conhecimento humano anterior ao que se convencionou chamar de “inícios da ciência moderna”. Então, é importante lembrar que o “confronto direto com a realidade” é tudo o que as gramáticas normativas não fazem.
A tradição gramatical ainda se apóia em dois pilares: o poder e a autoridade, mostrando assim que a GT não aderiu a era moderna, ou seja, não substituiu seus métodos de argumentação baseados na afirmação das autoridades antigas pelos métodos científicos da observação de dados.
Então, é possível afirmar que a Gramática Tradicional não pode receber o rótulo de ciência, pois não admite crítica. Os erros contidos nessa doutrina gramatical tradicional, já tantas vezes apontados pela Linguística, ainda são estampados, sem alteração, nas gramáticas normativas e preconizados como “formas certas” pelo ensino e demais mecanismos perpetuados