Resumo Espíritos de História
Espíritos de Estado
Tentar pensar o Estado é assumir um pensamento de estado, pensando da forma produzida pelo próprio Estado e, portanto, não compreendendo sua verdade fundamental.
Só poderemos compreender o Estado entendendo sua maior arma, o de produzir e impor o pensamento que usamos sem saber em todas as coisas do mundo.
A escola é a escola do Estado, no qual transformamos jovens em criaturas do Estado, cúmplices do Estado. Entramos nele obrigatoriamente e, como todos os outros, nos tornamos dóceis em relação a ele, aceitamos suas imposições e servimos a ele sem pensar.
A ruptura com o pensamento do Estado é difícil e necessária para entendê-lo. No entanto, ela está presente no mais íntimo de nosso pensamento. Um exemplo disso é quando o Estado ou algum de seus representantes tenta reformar a ortografia. Isto causa a revolta indignada de boa parte daqueles que tem compromisso com a escrita e com suas normas vigentes.
As representações do Estado exercem uma sedução que, como cita Hegel e Durkheim, fazem da burocracia um grupo universal, um instrumento racional que tem como objetivo realizar o interesse geral.
Comparando o desenvolvimento das ciências sociais temos dois fatores fundamentais: a filosofia dominante nas burocracias de Estado, por meio de uma forte demanda estatal podendo assegurar o desenvolvimento de uma ciência social independente da economia, mas fortemente submissa às problemáticas estatais; por outro lado, o grau de autonomia do sistema de ensino e do campo científico em relação à economia e política dominantes.
Sem o apoio do Estado, a história não pode aumentar sua independência em relação às pressões da demanda social, condição principal do seu progresso em direção ao desenvolvimento da ciência. Do contrário, correm o risco de perder sua independência em relação a ele, a menos que estejam preparados para usar contra o Estado a liberdade relativa que o Estado lhes garante.
O Estado é um ser