Resumo do texto Cidadão 100% americano
Numa época em que os americanos vivem um grande desenvolvimento material e os seus sentimentos nacionalistas e expansivistas fazem crer que grande parte desse processo é resultado de um esforço próprio, que construíram seu país graças ao empenho do cidadão norte-americano, basta ler um texto do antropólogo Ralph Linton, em 1959, sobre o dia a dia do povo dos Estados Unidos, para pensar um pouco nessa idéia:
“O cidadão norte-americano desperta todas as manhãs numa cama construída segundo padrão originário do Oriente Médio, mas modificada na Escandinávia, antes de ser trazida para a América. Sai debaixo de cobertas feitas de algodão cuja planta se tornou doméstica na Índia; ou de linho ou de lã de carneiro, um ou outro domesticados no Oriente Médio; ou de seda, cujo emprego foi descoberto na China. Todos esses materiais foram fiados e tecidos por processos inventados no Oriente Médio. Ao levantar da cama faz uso dos mocassins, que foram inventados pelos índios das florestas do leste de seu país e entra no banheiro cujos aparelhos são uma mistura de invenções européias e norte-americanas, umas e outras recentes. Tira o pijama, que é vestuário inventado na Índia e lava-se com sabão, que foi inventado pelos antigos celtas; faz a barba, que é um rito masoquístico que parece provir dos sumerianos ou dos antigos egípcios.
Voltando ao quarto, o cidadão toma as roupas que estão sobre uma cadeira do tipo europeu mediterrâneo e veste-se. As peças de seu vestuário têm a forma das vestes de pele originais dos nômades das estepes asiáticas; seus sapatos são feitos de peles curtidas por um processo inventado no antigo Egito e cortadas segundo um padrão proveniente das civilizações clássicas do Mediterrâneo; a tira de pano de coloração viva que amarra ao pescoço, a gravata, é sobrevivência dos xales usados aos ombros pelos croatas do século XVII. Antes de ir tomar o seu breakfast, ele olha a rua através da vidraça feita de vidro inventado