Resumo do Livro Freud e a Cultura
A abordagem dos fenômenos psíquicos assim formalizados descortinou uma outra posição: o conflito entre vida social e os processos de não reconhecimento do outro, chamados narcísicos. Sob esse novo registro, Freud afirmou a prática psicanalítica como a especificidade de sua invenção, ao mesmo tempo em que, levando as conseqüências da descoberta do inconsciente até o fim, estendia seu entendimento aos sintomas e ao mal – estar da coletividade humana. A cultura erotiza a criança para em seguida, frustrá-la com uma série de necessárias interdições educativas cujo objetivo é diminuir a força das pulsões sexuais e, mais tarde, impor repressões à realização das pulsões eróticas e agressivas e terá de esforçar para encontrar, por meio do princípio de prazer submetido à realidade, a satisfação permitida pela cultura.
De um modo geral, desde sua fundação a psicanálise encontra-se na cultura sempre em movimento, na posição paradoxal de dentro/fora: ela busca seu objeto fora do visível para incluí-lo, rompe as ligações visíveis para fazer com que apareçam ligações reais e dissipa as significações articuladas e completas para que o sentido possa emergir. Na estética freudiana, o estranho é a categoria que designa a verdade assustadora do sujeito, que remonta ao que há muito lhe é conhecido e familiar: o desamparo. Assim, a entrada das construções míticas no campo psicanalítico está para além de uma simples busca de ilustrações: é também um modelo de expressão do pensamento científico. Fantasia e mito são formas de expressão permanentes do desejo em sua articulação com a Lei, motor dos processos subjetivos e culturais. Freud dá um primeiro passo: a lei social de proibição do incesto não surgiu naturalmente ou por conta de uma vontade coletiva, mas é efeito do ato de coibir a satisfação irrestrita de apetites sexuais e assassínios do homem. Freud denominou de complexo de castração: fazer valer a proibição do incesto e do assassinato; ser