Resumo do livro - dar a alma
A historia
Sobre os autos do processo
Domenico Prata apresenta-se ao escrivão do tribunal criminal clamado “Del Torrone” e declara o seguinte: Lucia Cremonini, “moça crescida, jovem feita”, filha da viúva Caterina Cremonini, sua vizinha, “esta manhã deu à luz um menino, pelo o que entendi, e ele morreu, a dita jovem se chama Lucia”. Compete à autoridade. Sua preocupação é denunciar o fato. A Justiça fez sua parte. Enquanto o escrivão se dirigia ao local para uma primeira investigação, o juiz criminal de Torrone, tão logo foi informado, deu as determinações “necessárias e oportunas para o bem da Justiça” como prescreve o rito de praxe. Era necessário, enquanto isso, que os peritos legistas do Torrone fossem inspecionar imediatamente o corpo do recém-nascido que Lucia fosse submetida a exame. O exercício da medicina legal gozava de uma sólida tradição de Bolonha. A primeira medida tomada após a denúncia foi à inspeção na casa de Lucia, a cargo do escrivão. O escrivão ordenou que ela jurasse dizer a verdade e depois a submeter a um rápido interrogatório, anotando as perguntas e as respostas. E estando na cama quando senti que estava preste a dar à luz, desci da cama e tive a dita criatura, que caiu no chão, e percebi que estava viva por soltou um vagido. E depois, estando a dita criatura morta, peguei e vi que era um menininho e o coloquei numa sacola que está aqui atrás da cama, e depois voltei para esta cama onde estou. E foi isso que aconteceu com minha gravidez e com o parto supracitado. Mas não era só isso que tinha acontecido. O oficial de justiça do tribunal olhou atrás da cama e ali encontro a sacola com o recém-nascido. O escrivão realizou uma cuidadosa inspeção do corpo, que lavrou no auto. Evidenciou-se que o bebê não morrera devido a uma queda. Virando e revirando, o corpo revelou sinais de um profundo corte que ia da boca até a garganta, “com incisão de veias, artérias e nervos com sangue coagulando”. Os