Os indivíduos que não tem a oportunidade de mostrar seus talentos, ou melhor, de vender a sua força de trabalho é excluído dessa sociedade, e o documentário de estamira mostra muito bem este processo, ela é tida como louca, mas conhece a realidade perfeitamente. E viver essas mazelas que esse sistema capitalista traz é viver uma construção social de desumanidades feita pelo próprio homem. O documentário Estamira partiu de uma curiosidade de Marcos Prado em saber o destino do lixo produzido em sua casa, que era enviado para um aterro sanitário que se chama: o lixão do jardim gramacho. E o chocante para ele além do mar de lixo e seu cheiro fétido era ver crianças, homens e mulheres que ali se encontravam, sem nenhuma assistência, misturados ao caos daquele cenário de abandono e tristeza. O curta-metragem conta uma história de uma senhora de 63 anos, que sofre de distúrbios mentais, que mora e trabalha há mais de 20 anos no aterro sanitário de jardim gramacho, uma local de abandono por parte da sociedade, que recebe muitas toneladas de lixo produzido pelo estado de Rio de Janeiro. É interessante como estamira se expressa diante as gravações demonstrando lucidez e muita tristeza por tanto desperdício que os indivíduos cometem encontrado no lixão, e ao mesmo tempo mostra a forma de superar uma realidade insuportável de ser vivida por muitos indivíduos excluídos da sociedade. E é dos restos que muitas pessoas conseguem encontrar vida e alimento para sua sobrevivência. Estamira é uma pessoa questionadora e renega Deus por diversas razões, mal sabe ler e escrever, mas tem uma capacidade impressionante de explicar todos os fenômenos naturais e humanos, completamente lúcida. Aos poucos Marcos Prado mostra que na infância de Estamira sofreu maus tratos, momentos antigos que refletem em seu cotidiano vigente que, ao decorrer do documentário, explica o seu estado emocional. Sua avó a levou para um prostíbulo, aos 12 anos. Saiu de lá aos 17 anos para casar-se, e o marido passou