Resumo cidade partida
O ocorrido no início dos anos 90 em Vigário Geral não só assolou a auto-estima e esperança dos que moravam ali, mas a morte de mais de vinte pessoas naquela mesma favela, um ano antes do trabalho de campo de Zuenir Ventura, mostrou a ruptura entre duas instância da cidade: o morro e o asfalto. As leis, as regras de convivência social e, até mesmo, o valor da vida humana que predominam no asfalto não funcionam ou sequer são válidas no morro. A violência quotidiana, não apenas física, mas psicológica é um dos fatores mais marcantes na maior parte dos depoimentos. Há uma clara montagem de contraposição de fatores, diversos e binários: trabalhador/bandido, pobre/rico, cidade/favela, prédios/barracos, favela/bairro, e assim por diante.
A ruptura e a clara separação de duas cidades é, no entanto, contradita quando ao passo que surge o Viva Rio. Este é um movimento, é uma organização de moradores da favela, moradores do asfalto, antropólogos, artistas, sociólogos, jornalistas, antropólogos e na qual está o próprio autor, que luta pela integração e recuperação social de Vigário Geral. O sentimento de fazer justiça é a grande força que faz unir pessoas tão diferentes. E, justamente, a união e a integração dos moradores da favela à vida urbana e do Estado aos moradores das favelas mostra-se como uma tática eficaz de diminuição da diferença, e não da "erradicação" das favelas como se era visto naquele período das décadas de 80 e 90 no Rio.