resumo Boa Viagem Senhor Presidente
Havia voltado a Genebra depois de duas guerras mundiais, em busca de uma resposta para uma dor que os médicos da Martinica não conseguiram identificar. Era previsto não mais do que quinze dias, mas após seis semanas de exames, nenhum resultado. Isso, até aquela quinta-feira indesejável, na qual o médico menos notório dos muitos que o haviam visto chamou-o às nove da manhã na neurologia.
O médico apagou a luz, e apareceu na tela a radiografia iluminada de uma espinha dorsal que ele não reconheceu como sua até que o médico apontou com uma varinha, debaixo de sua cintura, a união de duas vértebras.
- Sua dor está aqui – disse a ele.
Para ele, não era tão fácil. Sua dor era improvável e escorregadia, e às vezes parecia estar nas costelas direitas e às vezes no baixo-ventre, e muitas vezes o surpreendia com uma agulhada instantânea na virilha. O médico escutou-o em suspenso e com a varinha imóvel na tela. “Por isso nos despistou durante tanto tempo”, disse. “Mas agora sabemos que está aqui.” Depois colocou o indicador na fronte e precisou:
- Embora, a rigor senhor presidente, sua dor esteja aqui.
Seu estilo clínico era tão dramático que a sentença final pareceu benévola: o presidente tinha que se submeter a uma operação arriscada e inevitável. Perguntou qual era a margem de risco, e o velho doutor envolveu-o numa luz de incerteza.
- Não podemos dizer com segurança. Até pouco tempo atrás, os riscos de acidentes fatais eram grandes, e mais ainda os de diferentes paralisias em diversos graus. Mas com os avanços médicos das duas guerras esses temores são coisas do passado.
Não era uma boa manhã para digerir essa má notícia. Havia saído muito cedo do hotel, sem