Resumo - As perspectivas dos estudos geográficos
As transformações sucessivas que ocorrem no conhecimento científico e no contexto socioeconômico promovem a contínua mudança nos desafios e nos problemas enfrentados pelos homens. Procurando analisar e explicar esses problemas, a fim de propor soluções e prever as possíveis consequências futuras, o conhecimento científico está sempre aceitando os desafios e lutando para superar as questões relevantes para as sociedades. Podemos observar que cada ciência particular reage de modo diferente a esse desafio e à solicitação, e o seu momento histórico pode colocá-la na posição de vanguarda ou na posição de acompanhante do cortejo das ciências, conforme a valorização que a elas é destinada. Nesta oportunidade, a nossa preocupação restringe-se ao conhecimento geográfico.
Tratar da definição da Geografia é assunto delicado. Em 1925, Alfred Hettner considerava como objetivo fundamental da Geografia o estudo da diferenciação regional da superfície terrestre. Outra definição referia-se à análise das influências e interações entre o homem e o meio, que se expressou de modo claro na proposição de Albert Demangeon, em 1942: "é o estudo dos grupos humanos nas suas relações com o meio geográfico". Muito mencionada também é a definição elaborada por Emmanuel de Martonne: "geografia moderna encara a distribuição à superfície do globo dos fenômenos físicos, biológicos e humanos, as causas dessa distribuição e as relações locais desses fenômenos". Embora houvesse acordo de que a superfície terrestre era o domínio específico do trabalho geográfico, essas definições e a prática da pesquisa geográfica estavam eivadas de contradições dicotômicas.
A primeira dicotomia estava relacionada com a Geografia Física e a Geografia Humana. A Geografia Física destinava-se ao estudo do quadro natural, enquanto a Geografia Humana preocupava-se com a distribuição dos aspectos originados pelas atividades humanas. Em virtude do aparato