Resumo As metamorfoses da questao social
A assistência abrange, segundo o autor, um conjunto diversificado de práticas que, no entanto, possuem uma estrutura comum determinada pela existência de certos grupos carentes e pela necessidade de atendê-los. Trata-se de entender de que modo surge esta "necessidade" de atendimento no âmbito da deficiência, uma vez que a assistência não será oferecida a todas as pessoas, indiscrimi-nadamente. Foi preciso definir alguns critérios para o recebimento da assistência: o primeiro seria o do "pertencimento comunitário" que vincula a assistência à condição de ser membro do grupo, rejeitando assim os "estrangeiros".
Quer se trate de esmolas, de abrigo em instituição, de distribuições pontuais ou regulares de auxílio, de tolerância em relação à mendicância etc., o indigente tem mais oportunidades de ser assistido à medida que é conhecido e reconhecido, isto é, entra nas redes de vizinhança que expressam um pertencimento que se mantém em relação à comunidade (Castel, 1998, p.85).
Um segundo critério era o da "inaptidão para o trabalho", a partir do qual a assistência era fornecida para aqueles carentes incapazes de suprir sozinhos suas necessidades através do trabalho. Para Castel (1998), o pobre que mais mobilizava a caridade era aquele que exibia em seu corpo o sofrimento humano, a incapacidade física, a doença - de preferência incurável -, ou seja, aquelas doenças e incapacidades insuportáveis ao olhar eram as que garantiam a assistência.
A possibilidade de receber assistência estava, portanto, diretamente vinculada a esses dois vetores - o pertencimento comunitário e a inaptidão para o trabalho. Dessa forma, recebiam assistência aquelas pessoas moradoras da comunidade e