Resumo as categorias de gramsci e a realidade brasileira por carlos nelson coutinho
GRAMSCI E O BRASIL
A introdução das idéias de Antônio Gramsci na vida política brasileira, além de tardia, foi dificultada por vários fatores, entre eles, uma realidade histórica adversa, e impregnada uma por uma cultura política atrasada e por
antidemocrática
esquerda
predominantemente
dominada
concepções dogmáticas e sectárias, sobretudo aquelas derivadas da III Internacional Comunista. Entre 1966 e 1968 cinco das mais importantes obras de Gramsci foram publicadas no Brasil, o que foi uma corajosa iniciativa editorial da época, pois o Brasil passava naquele momento por um período de contradições internas ao regime ditatorial, instaurado em 1964. Diante deste quadro hostil, as elaborações teórico-políticas de Gramsci tiveram uma disseminação muito tênue e epidérmica, com uma receptividade maior na inteligência, mas pouco expressiva nos partidos políticos. Os ambientes culturais brasileiros de esquerda eram fortemente influenciados pelo modelo terceiro-internacionalista ou marxismo-leninismo, que se
manifestava não somente na concepção geral do marxismo, economicista, como no modo de interpretar a realidade brasileira. O Brasil era visto como uma formação social atrasada que teria a necessidade de uma revolução de libertação nacional, para superar suas contradições e encontrar o caminho do progresso social. Esta era a posição do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e dos grupos que romperam com a politica do PCB, que acreditavam na luta armada, ou seja, na tomada violenta de poder; estes grupos estavam sob a influência ideológica do maoísmo (Mao Tse Tung). Apesar das divergências estratégicas entre PCB e os grupos revolucionários de ultraesquerda, todos tinham a convicção de que o Brasil
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Aluna do curso de Serviço Social da Universidade Federal de Mato Grosso.
deveria adotar os modelos revolucionários do bolchevismo, maoísmo e do castrismo