Restaurações com cimentos ionoméricos
No ano de 1908, Black preconizou os princípios gerais do preparo cavitário, os quais definiram uma forma de intervenção, uma vez instalado o processo da cárie. Mais de 100 anos após, os novos princípios restauradores priorizaram a preservação do tecido dentário sadio, e a dentística restauradora passa a desempenhar importante papel social, ou seja, a visão renovadora baseada na preservação da estrutura dentária. No entanto, para que fosse possível esta nova perspectiva, novos materiais com características diversas se tornaram necessários, principalmente o desenvolvimento de materiais adesivos, os quais são capazes de se manter em pequenas cavidades da estrutura dentária, permitindo uma maior preservação deste tecido. Baseados nestas necessidades, o cimento de ionômero de vidro (CIV) surgiu na odontologia em 1971 (WILSON; KENT, 1971), sendo desenvolvido a partir da união do pó do cimento de silicato e do líquido do policarboxilato de zinco, buscando unir o que havia de melhor em cada um deles.
Nesse sentido, Wilson & Kent, observaram os principais fundamentos desses cimentos, analisando que o primeiro tinha a presença de flúor e a baixa alteração dimensional, ambos responsáveis pelo excelente comportamento deste material. O flúor se difunde através de seus íons e estes são liberados para regiões adjacentes à restauração, logo após sua realização. A influência dos fluoretos pode estender-se às outras faces do dente, distantes da restauração (SERRA; CURY, 1992; SEGURA et al., 1997). Já a baixa alteração dimensional, faz com que as mudanças térmicas que ocorrem na cavidade bucal, causando expansão ou a contração desse material sejam pequenas, uma vez que seu coeficiente de expansão térmica linear é bem próximo ao do dente e diminui as ocorrências de fendas na interface dente/restauração (REIS; LOGUERCIO, 2007).
Por sua vez, o cimento policarboxilato de zinco, apresentava como aspecto relevante a adesividade à estrutura