resposta do ava
Este texto tem por objetivo situar e discutir as definições e o estatuto da noção de objeto na teoria psicanalítica de Freud. Além deste objetivo, busca formular indicações para se conceber a articulação sujeito/objeto a partir da obra freudiana. Postulo que a compreensão da concepção de objeto na teoria freudiana é elemento decisivo na definição da concepção de sujeito, como aliás já foi sugerido, entre outros, por Merea (1994). Embora Freud não tenha explicitado uma concepção de sujeito em sua teoria, parece ser possível sugerir que as diferentes acepções que o termo objeto adquire no decorrer de sua obra são determinantes para uma possível definição do que viria a ser o sujeito na teoria psicanalítica freudiana. Entendo que a discussão desse tema é de fundamental importância no momento em que emerge com força renovada a proposição de uma teoria e uma prática psicanalítica intersubjetiva, em oposição à tradicional perspectiva intrapsíquica.1 Afinal, o objeto para Freud deve ser entendido sempre como um objeto psíquico ou é também um objeto real, externo? Quando os defensores de uma psicanálise intersubjetiva referem-se a objetos e a sujeitos, essas referências devem ser entendidas em termos de "entidades concretas", ou em termos de representações psíquicas, ou ainda, nos dois níveis simultaneamente?
Procurarei, de início, caracterizar a concepção metapsicológica que postula as pulsões como aspecto originário da constituição da subjetividade e os objetos apenas como aspecto secundário. Trata-se da posição sobre a noção de objeto que pode ser considerada predominante na obra de Freud. Por este viés, a noção de objeto aparece basicamente de dois modos: ligada à noção de pulsão — neste caso os objetos são correlatos das pulsões, são os objetos das pulsões; e ligada à atração e ao amor/ódio, quando então são os objetos correlatos do amor e do ódio.
Mas procurarei mostrar também que é possível derivar de Freud (como sugere BERCHERIE, 1988) uma