Responsabilidade social
Prof. Dr. Nilo Agostini 2
O trabalho é hoje compreendido em sua importância fundamental para o ser humano, assim como o é o conhecimento, a liberdade e a própria linguagem. E. Mounier nos dizia, em meados do século XX, que o “homem é essencialmente artifex, criador de formas, fazedor de obras... que a natureza do homem é o operador”3.
Com a descoberta do fogo, eis que surge o elemento que permite dar especial qualidade ao trabalho com a emergência do homo faber. O fogo é energia, substituindo a dos animais domésticos. O qualitativo humano manifesta-se operante no uso desta energia, ao passar do “manual” para o “artesanal”, produzindo coisas por própria conta. Atende inicialmente às necessidades de sobrevivência para, em seguida, assegurar conforto, bem-estar etc. Entramos no industrial, da produção em cadeia com as máquinas, da robotização com a informática. O ser humano foi se revelando cada vez mais eficiente no trabalho.
Sabemos, hoje, que a eficiência no artesanal/industrial/robotizado tem trazido benefícios, porém, tem garantido, na verdade, mais o quantitativo. Cresce, entretanto, a consciência da nossa responsabilidade no tocante ao qualitativo. Este requer que se tome em conta aquelas ações e atitudes de fundo, referentes às relações ser humano-natureza, bem como à relação entre o crescimento econômico e o progresso social. Porém, não podemos parar neste patamar. Importa ter claro o lastro alimentador, sobre o qual se edifica este qualitativo. Este
1 Palestra proferida na abertura da VI Mostra PUC-Rio, no dia 20 de agosto de 2002.
2 Doutor em Teologia pela Faculdade de Teologia Católica da Universidade de Ciências Humanas de Strasbourg, França. Atualmente, trabalha como Professor de Teologia Moral na Fajopa, de Marília, na Faculdade São Bento, São Paulo, capital, na Faculdade de Teologia Pio XI, São Paulo, capital, no Instituto de Teologia da Região Sé, da Arquidiocese de São Paulo, capital. E o Coordenador da