Responsabilidade Social
Roseli Fischmann *
Correio Braziliense - 18/12/2000
As propostas de envolvimento de empresas em atividades sociais são recentes no Brasil. Precedidas por propostas isoladas, desenvolvidas em particular por multinacionais que já tinham experiências semelhantes em outros países, como o caso do Instituto C&A (com a instalação de uma cozinha industrial na Casa de Passagem, em Recife), da Xerox (por exemplo, com atividades de educação complementar em Chapéu Mangueira, no Rio), as primeiras iniciativas foram marcadas por dedicação ao campo cultural. São exemplos: o patrocínio da Shell ao Corpo, companhia de dança de Minas; ou uma das iniciativas mais antigas, a dos concursos literários da Fundação Nestlé; a preservação de patrimônio dos acervos de museus, desenvolvida pela IBM, em particular no Rio e em São Paulo.
Alguns grupos nacionais envolveram-se também em atividades culturais – como o Museu Marc Chagal, mantido pela Fundação Ioschpe, no Rio Grande do Sul -, ou atividades mistas, culturais e sociais, como a Fundação Odebrecht, na Bahia. Outros foram inovadores no campo da reivindicação de direitos, como a Fundação Abrinq, nascida no meio do empresariado de mentalidade progressista, defendendo os direitos das crianças e dos adolescentes. Empresas à época estatais, como a Petrobras, a Telesp, o Banco do Brasil, também remontam aos primórdios das atividades.
As iniciativas pioneiras, de diferentes origens, articularam-se com tradicionais agências financiadoras internacionais em atividade no Brasil, como as fundações Ford, Kellog, Vitae, MacArthur, visando à articulação de esforços em uma associação. Nasceu, assim, em 1995, articulado desde 1989, o Gife - Grupo de Instituições, Fundações e Empresas, que tem desempenhado papel relevante no cenário brasileiro. Por essa época começava a se consolidar, no país, o conceito de ''terceiro setor'', com estudos