RESEUMO
A PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA DO SUJEITO E DA SUBJETIVIDADE:
A historicidade como noção básica
Maria da Graça Marchina Gonçalves
Introdução
O momento histórico em que a Psicologia se constitui como ciência é o mesmo que afirma o homem como sujeito. As características desse momento incluem grandes transformações econômicas, políticas e sociais, resultado da mudança do modo de produção feudal para o modo de produção capitalista. Novas práticas econômicas e sociais implicam novas concepções de mundo e de homem presentes no pensamento moderno. Nesse novo mundo, o homem é afirmado como sujeito, e essa afirmação implica a construção da noção de subjetividade.
A noção de conhecimento também sofre alterações profundas e a ciência moderna funda-se na busca de um método capaz de resolver uma nova questão metodológica: a da relação entre o homem que conhece que é o sujeito e o objeto de conhecimento, que é exterior e independente desse sujeito, mas que deve ser conhecido e dominado por ele.
A afirmação do homem como sujeito e da Psicologia como ciência se dá no bojo da modernidade, entendida como o conjunto de idéias e concepções que representam o modo de produção capitalista. Entretanto, a modernidade afirmou o sujeito de maneira contraditória. Afirmou-o como individual racional e natural. E afirmou-o como social ativo e histórico. As contradições presentes na modernidade engendraram a afirmação e a negação do sujeito, explicitando sua historicidade.
A compreensão disso fundamenta-se em uma noção materialista dialética da história, que concebe a história como um processo contraditório, produto da ação dos homens, em sociedade, para a construção de sua própria existência. As idéias, nessa concepção, representam a realidade material vivida e construída pelos homens. Além disso, fundamenta-se em uma abordagem epistemológica e metodológica que também tem por base o princípio dialético da contradição e a concepção materialista de sujeito e objeto. Tal fundamento