Resenha
Nadir da C. Figueiredo.[1]
Os grandes escritores nem sempre são interpretes de seu tempo ou país. Alguns “se fazem críticos, discordam dos padrões vigentes, realizando sua obra em dissonância com tudo o que caracteriza o meio mental e até humano em que vivem” (Coutinho: 2002). É, entre nós, o caso de Euclides da Cunha em “Os Sertões”. Dividido em três partes, o livro debruça-se sobre a terra, o homem e a luta. A primeira parte embora seja a mais breve do livro, retrata com acuidade o ambiente físico do lugar. Representa um estudo geofísico admirável, microscópio, que busca apontar as qualidades e as faltas da terra. Euclides encara de forma precisa o grande território brasileiro, inclusive os lugares mais desconhecidos deste os sertões. Na posição de historiador, geógrafo, filósofo, sociólogo, cumpre a difícil tarefa de mostrar-nos a origem da seca, do deserto. Num tom critico revela que “o mal é antigo”. Começou com os indígenas que tinham como instrumento fundamental – o fogo. Abriam novas raças, novas derrubadas, novas queimas, alargando o circulo dos estragos”. Depois veio o colonizador e copiou o mesmo proceder”. O deserto, segundo o autor, nasceu da ganância do “agente geológico notável – o homem”. O entrelaçamento entre terra e homem demonstrar que assim como há diferentes espécies de plantas e animais, também deve haver espécies diferentes de homens – as raças.o sertanejo e o gaúcho amplamente estudados no livro, mostram a diferença entre espécies de homens. A crença na existência de raças superiores, denotam a influencia em “Os sertões” do pensamento cientifico de Charles Darwin. Em sua Lei da seleção natural, Darwin afirma que, a natureza ou o meio selecionam entre os seres vivos as variações que estão destinadas a sobreviver e a perpetuar-se sendo eliminados os mais fracos”. Ligados a teoria de Darwin, Euclides