RESENHA DO FILME “O ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA” Baseado no romance escrito por José Saramago, o filme O ensaio sobre a cegueira é interessantíssimo e leva a reflexão a respeito de várias questões. Questões essas relacionadas a natureza instintiva do ser humano, a consciência cultural, ao oportunismo, a maldade e a solidariedade. Dirigido por Fernando Meirelles, lançado pela Fox/Brasil e Miramax Films, em 2008, o enredo não só prende a atenção nos seus 128 minutos de duração, como também comove quem o assiste. Um homem de descendência oriental atrapalha o trânsito de uma cidade após não mais conseguir dirigir, afirmando estar cego. Um outro rapaz, por sua vez, oferece ajuda ao homem, mas se aproveita da situação, roubando o carro do mesmo. Isso foi o ponto de partida para a disseminação da cegueira de causa e cura desconhecidas, que rapidamente transformou-se em uma epidemia. A infecção do oftalmologista que atendeu o homem de descendência oriental numa consulta, assim como das outras pessoas que entraram em contato com os já contaminados, alarmou a população e a comunidade científica. Para garantir a vida dos demais, os contaminados foram confinados em um local com más condições de higiene e alimentação. O mais curioso de tudo é que a esposa do oftalmologista (Juliane Moore) não se contaminou. Cada vez mais o número de confinados aumentava e ela permanecia com boa visão. Para permanecer ao lado do marido no prédio de confinamento, ela escondeu o fato de enxergar e passou a guiar os cegos que lá estavam, em condições subumanas. A divisão em grupos, a escassez de alimentos e espaço geraram graves desavenças no local. A racionalidade humana pode ser questionada, diante do quadro de oportunismo, competição, desrespeito, egoísmo e injustiça por parte de muitos dos confinados. Porém, precisa também ser ressaltada, levando em consideração as atitudes da personagem principal, que se doa integralmente ao cuidado dos infectados. No final, os cegos retornam