Resenha
A GÊNESE DA DISCIPLINA
Estruturalismo, marxismo e psicanálise: um terreno fecundo
Falar em Análise do Discurso pode significar, num primeiro momento, algo vago e amplo, praticamente pode significar qualquer coisa, já que toda produção de linguagem pode ser considerada “discurso”. No entanto, a Análise do Discurso de que vamos falar neste capítulo trata-se de uma disciplina que teve sua origem na França na década de 1980. (pg. 101).
Para entender a gênese dessa disciplina é preciso compreender as condições que propiciaram a sua emergência Maldidier (1994) descreve a fundação da Aanálise do Discurso através das figuras de Jean Dubois e Michel Pêcheux. Dubois, um lingüista, lexicólogo envolvido com os empreendimentos de sua época; Pêcheux, um filósofo envolvido com os debates em torno do marxismo, da psicanálise, da epistemologia. O que há de comum no trabalho desses dois pesquisadores com preocupações distintas é que ambos são tomados pelos espaços do marxismo e da política, partilhando convicções sobre a luta de classes, a história e o movimento social. (pg. 101, 102).
Na conjuntura estruturalista, a autonomia relativa da linguagem é unanimemente reconhecida. Isso porque, devido ao recorte que as teorias estruturalistas da linguagem fazem de seu objeto de estudo – a língua -, torna-se possível estudá-la a partir de regularidades e, portanto, apreendê-la na sua totalidade (pelo menos é nisso que crê o estruturalismo), já que as influências externas, geradoras de irregularidades, não afetam o sistema por não serem consideradas como parte da estrutura. A língua não é apreendida na sua relação com o mundo, mas na estrutura interna de um sistema fechado sobre si mesmo. Daí “estruturalismo”: é no interior do sistema que se define, que se estrutura o objeto, e é este objeto assim definido que interessa a esta concepção de ciência em vigor na época. (pg. 102).
Poderemos agora melhor compreender a afirmação de Maingueneau (1990) – “a