Resenha
SCHERRE, Maria M. P. Doa-se lindos filhotes de poodle: variação linguística, mídia e preconceito. São Paulo: Parábola. 2005.
O livro “Doa-se lindos filhotes de poodle” escrito pela sociolinguísta Maria Scherre traz em seus quatros capítulos, reescrita de quatro textos publicados em mídias diversas, de 1993 a 2003. Os textos pesquisados e publicados na obra mantiveram seus títulos originais: “Sobre a leitura dos dados lingüísticos”, “Variação lingüística, mídia e preconceito lingüístico”, “Preconceito lingüístico: doa-se lindos filhotes de poodle” e “A norma do imperativo e o imperativo da norma – uma reflexão sociolingüística sobre o conceito de erro”. A análise de trabalhos de pesquisa da autora e de outros linguistas legitimam a concepção de que a concordância de número no português brasileiro é um fenômeno variável. O primeiro capítulo, intitulado “Sobre a leitura dos dados lingüísticos”, a autora nos chama atenção com relação às questões que envolvem a linguagem. Segundo Scherre (2005):
“as pessoas creêm que há uma língua estruturalmente mais certa do que a outra, que há um dialeto mais certo do que outro ou que há uma variedade mais certa do que a outra, e poucos percebem que as formas consideradas certas e/ou de prestígio são as que pertencem à língua, aos dialetos ou às variedades das pessoas ou grupos que detêm o poder econômico ou cultural.” (pág.15)
Assim, para autora essa crença se reflete no preconceito lingüístico, estigmatizando direta ou indiretamente as pessoas que não dominam formas lingüísticas consideradas certas por uma dada comunidade. Porém, essa concepção de certo ou errado podem ser relativas ao considerar outras línguas ou contextos. Isto pode ser facilmente entendido quando se trata de línguas diferentes, como por exemplo: o português e o inglês. O português tem concordância de número (embora variável); o inglês, não. Nem por isso o português é considerado mais certo do que o inglês. Dessa forma, é possível