Resenha
Bloch ironiza a busca desesperada dos historiadores tradicionais pela origem dos fatos, chamando esta obsessão de “ídolo das origens”7. Mas, não contentes, eles desejam um começo que explique, por si, o fato histórico estudado, o que, na verdade, é literalmente impossível. As origens tornam-se uma grande armadilha para o historiador, elas são o seu ‘demônio’, já que, além de ser quase sempre indeterminada, ela não pode ser confundida com uma explicação do fato, nem se basta para analisá-lo em profundidade ou sequer na superfície. Outro erro dos antigos historiadores era o de criar uma ‘fronteira ‘ entre o fato histórico e o chamado ‘presente’. Para eles, um fato só se transformava em história ao ‘envelhecer’ no mínimo, 150 anos! Apesar de concordar que fatos recentes nos desafiam e nos dificultam em realizar qualquer estudo verdadeiramente sereno, Bloch não vê como separar presente do passado, já que existe uma relação dialética entre o que aconteceu, suas conseqüências, e seus resultados (sobre o presente). Então, tal corte / passado histórico x presente ‘não-histórico’ é uma falsa questão.
Para ele, o passado serve para a compreensão do presente, e mais: “A ignorância do passado não se limita a prejudicar a compreensão do presente; compromete, no presente, a própria ação”8, sentencia. O historiador incapaz de olhar ao seu redor, de conhecer a realidade que o cerca, serviria apenas como um ‘antiquário’ (Pirenne 9),