Resenha
Por André
Oliviero Toscani é um fotógrafo italiano mundialmente conhecido. Talvez mais por suas polêmicas campanhas publicitárias para a marca italiana Benetton do que por qualquer outra coisa. É exatamente sobre essas produções que Toscani trata em seu livro “A publicidade é um cadáver que nos sorri”. O italiano conta detalhes de sua carreira, das produções para a Benetton e também trata de questões éticas relacionadas à propaganda, defendendo, principalmente, que esta deveria utilizar-se de sua enorme amplitude para tentar fazer algo de bom para o mundo. Isso tudo numa linguagem bem atraente e, em muitos momentos, irônica.
As primeiras páginas são dedicadas a uma sátira muito divertida, na qual Toscani ironiza o mundo perfeito vendido na publicidade, onde metrôs nunca estão lotados, todos os jovens são empresários bem sucedidos e doenças são apenas rumores de algo ruim que só acomete pessoas de outro planeta. Ele encerra dizendo: “claro que todo mundo reconhece esse mundo idílico, é o universo tacanho e estúpido da publicidade, que nos infantiliza há coisa de trinta anos”. Sem papas na língua.
Numa analogia aos processos de Nuremberg que sentenciaram criminosos da Segunda Guerra Mundial, Toscani acusa a publicidade dos seguintes crimes: malversação de somas colossais, inutilidade social, mentira, contra a inteligência, persuasão oculta, adoração às bobagens, exclusão e racismo, contra a paz civil, contra a linguagem, contra a criatividade e de pilhagem. Destaque para o trecho no qual ele diserta sobre o crime de inutilidade social, tema que viria a se desdobrar no restante do livro. “Por que as grandes empresas de automóveis nunca lançaram verdadeiras campanhas de conscientização contra a embriaguez ao volante, o excesso de velocidade, os acidentes de fim de semana, a morte estúpida em consequência de colisões? [...] Os publicitários não cumprem com sua função: comunicar. Carecem de ousadia e de senso moral. Não