Resenha
Racionalidade em teoria política: integração entre concepções normativas e positivas
O impacto das teorias da escolha racional na Ciência Política limitou-se mais às partes orientadas empiricamente da disciplina. Essas teorias tiveram sua origem na economia, a partir dos trabalhos de Anthony Downs, James Buchanan, G. Tullock e etc. Segundo a concepção desses autores, as escolhas dos indivíduos podem ser explicadas a partir dos constrangimentos materiais enfrentados por eles. Possuíam, então, uma interpretação materialista e “externalista” acerca das ações humanas. Essa noção, para Ferejohn e Pasquino, não leva em conta toda a importância da racionalidade na Ciência Política.
As teorias da escolha racional geralmente são consideradas como positivas, tendo como objetivo construir teorias preditivas, e se opõem às teorias normativas. Porém, Ferejohn e Pasquino consideram que essas teorias são mais bem classificadas como normativas, e não positivas, uma vez que os seres humanos não se comportam exatamente como as teorias prescrevem, e suas ações são influenciadas pela normatividade da racionalidade. Para eles, deve-se levar em consideração também o fato de que os teóricos normativos se apóiam na suposição da existência de uma racionalidade para formular seus conceitos, e que os direcionam a pessoas consideradas racionais e inteligíveis.
Desta maneira, o artigo tem por objetivo mostrar a existência de uma relação entre teorias normativas e positivas e evidenciar as diversas concepções de racionalidade presentes em textos históricos. Para isso, ele analisa a obra de três pensadores clássicos, Hobbes, Aristóteles e Rousseau, visando mostrar o papel central da escolha racional no pensamento desses autores.
Hobbes buscava mostrar como os indivíduos