Resenha
O homem tem uma característica diferencial em relação a todos os outros animais: ele é ao mesmo tempo um ser biológico e um ser cultural/simbólico. Por um lado pertencemos a natureza, somos animais mas, por outro, demos um passo fundamental que nos separou para sempre da natureza: inventamos a cultura. Depois desse movimento essencial de separação da natureza, passamos a ter uma diferença radical com o resto dos animais: a cultura, que desde a consolidação da antropologia científica suscita muitas discussões e polêmicas. O conceito de cultura varia no tempo, no espaço e em sua essência. Tylor, Linton, Boas e Malinowski consideram a cultura como idéias. Para Kroeber e Kluckhohn, Beals e Hoijer ela consiste em abstrações do comportamento. Keesing e Foster a definem como comportamento aprendido. Leslie A. White apresenta outra abordagem: a cultura deve ser vista não como comportamento, mas em si mesma, ou seja, fora do organismo humano.Para Claude Lèvi-Strauss, a definição de cultura passa pelo campo do simbolismo, uma vez que ela seria um conjunto de símbolos identificáveis dentro do seu próprio contexto.
Essas idéias são próximas do que afirma o antropólogo norte-americano Clifford Geertz. Para o autor, o conceito de cultura abrange a construção de uma rede de significados produzida pelos grupos sociais em seu cotidiano e sua interpretação. Para que essa rede possa ser estudada, pesquisada e conhecida é necessário pensar uma nova forma de fazer ciência. Nesse sentido, Geertz (1989, p. 15) afirma que: "(...) se você quer compreender o que é a ciência você deve olhar, em primeiro lugar, não para as suas teorias ou para as suas descobertas, e, certamente não para o que seus apologistas dizem sobre ela; você deve ver o que os praticantes da ciência fazem".
Em Antropologia, ou na Antropologia Social, o que fazem os praticantes é a etnografia, diz Geertz, que busca não uma ciência experimental à procura de leis, mas uma ciência