Resenha
Malária e doenças emergentes em áreas ribeirinhas do Rio Madeira. Um caso de escola.
TONY HIROSHI KATSURAGAWA, LUIZ HERMAN SOARES GIL, MAURO SHUGIRO TADA e LUIZ HILDEBRANDO PEREIRA DA SILVA
Introdução
atrás, a mídia registrou com destaque, durante vários dias, uma epidemia de malária em Parati, área de turismo elegante do Estado do Rio de Janeiro, com a ocorrência de seis casos autóctones (Folha Online, 2002; O Estado..., 2008). Isso parecia indicar, para alguns espíritos, “um sinal da deficiência e degradação de nossos serviços de saúde”. No momento em que já assistíamos à incapacidade desses mesmos serviços de controlar as epidemias de dengue que assolavam o país, tal sinal seria para eles, portanto, mais um elemento para reforçar o pessimismo da opinião pública sobre as perspectivas da saúde no país. Paradoxalmente, pode-se dizer, entretanto, exatamente o oposto, isto é, que foi um bom sinal não apenas sobre a malária, mas também positivo, pelo seu aspecto didático indireto, em relação ao futuro controle da dengue e de outras doenças emergentes e reemergentes que estão sempre à espreita no país, para não dizer em todo o planeta. Com efeito, a ocorrência de malária em Parati implica efetivamente em epidemia, pois, como dizem os epidemiologistas, toda ocorrência de casos de uma moléstia numa localidade, ultrapassando a média das incidências observadas em períodos anteriores, caracteriza uma epidemia. Entretanto, trata-se de uma microepidemia, e isso faz toda a diferença. Na África observa-se, regularmente, macroepidemias de malária em áreas onde ela é endêmica ou onde ela esteve ausente por longos períodos anteriores. Esses picos epidêmicos surgem e se desenvolvem em geral associados a convulsões sociais, guerras, revoluções ou crises econômicas que desorganizam as (já deficientes) estruturas sanitárias dos países africanos. Sofremos no passado, no Brasil, desse tipo de epidemia, na construção da ferrovia Estrada de Ferro
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