Resenha: “Shakespeare: o gênio original”
TL222C – Textos em teoria, crítica e história literária
Resenha: “Shakespeare: o gênio original”
Pedro Süssekind prova empiricamente que a força de Shakespeare pode se manifestar de muitas maneiras diferentes. E é especificamente este aspecto – a força da poesia shakespeariana - que nos é revelado na introdução e primeiro capitulo do livro. O autor aborda questões históricas e filosóficas importantes. Ele diz: “Em geral, quando se pensa a grandeza de Shakespeare, ela é associada à riqueza do seu pensamento, à amplitude e profundidade de suas reflexões ao abordar diversos temas, seja de natureza política, moral, histórica ou filosófica.” (Süssekind, 2008, pag. 18). Tendo como foco a recepção da obra de Shakespeare na Alemanha, o livro revela como e por que esta obra influenciou fortemente a prática e a teoria da arte a partir da segunda metade do século XVIII. Süssekind vai revelando ao leitor como as traduções das obras de Shakespeare para o alemão foram colocando em questão a tradição estética de base aristotélica e seu modelo normativo, que fundamentava o Classicismo francês. A retomada da obra shakespeariana surge num momento decisivo de um país em formação, onde os teóricos e críticos de arte alemães fazem uma reavaliação da teoria classicista francesa e investem contra o ideal de uma obra de arte baseada nas estruturas formais prescritas por Boileau e contra o teatro de Racine e Corneille. A obediência das regras e a execução meticulosa das técnicas formariam, dessa maneira, o talento do artista. Opostos a essa concepção, os autores pré-românticos defendem a tese de uma valorização da autonomia do artista, associando ao talento a ideia de uma naturalidade espontânea, livre das determinações tradicionais. Surge então a noção de originalidade da obra de arte e, como consequência, a teoria do “gênio original”. Essa concepção, como observou Süssekind, foi