Resenha: “Machado Maxixe: O Caso Pestana” José Miguel Wisnik Fernanda Fausto de
1498 palavras
6 páginas
Resenha: “Machado Maxixe: O Caso Pestana” José Miguel WisnikFernanda Fausto de Almeida
Neste texto, Wisnik faz uma leitura histórico-crítica do conto “Um homem célebre” de
Machado
de Assis,
cujo
personagem
principal
chama-se
Pestana. A dualidade
erudito/popular, a emergência do maxixe, a mestiçagem e a escravidão são para Wisnik as grandes marcas do final do séc. XIX a que o conto nos remete. Wisnik propõe, n'O Caso
Pestana, que a partir do conto de Machado e de leituras orbitais de sua obra possamos compreender todo o processo de formação da música popular urbana no Brasil.
Dez anos antes, Machado iria escrever um conto onde personagens músicos já viveriam a dualidade erudito/popular: Segundo Wisnik, “O Machete” (1888) traz a ideia da música popular como sendo uma música das massas, e que consegue, ao final do conto, destituir a música erudita de sua frieza, ao tirar-lhe a atenção do público, dos amores, enfim, de sua superioridade. A partir de então, a música erudita passa a encarar a música popular como rival, e o desdém que outrora era real agora seria mais uma demonstração de ciúme.
Um dos pontos altos que demonstram que a autenticidade da música erudita está balançada, ou ainda, completamente destruída, é quando o personagem violoncelista diz que gostaria de ter estudado machete (cavaquinho), e propõe ao personagem machetista um concerto para violoncelo e machete.
Trata-se de um personagem que tenta fazer o caminho erudito > popular, onde este é inacessível. Já Pestana, de “Um Homem Célebre”, tenta fazer o caminho contrário, e o para ele o popular mostra-se inevitável. Em ambos os casos, o que se percebe é uma idealização da música erudita, passando por dois momentos – o primeiro com a pressão da música popular que acaba sendo necessária à vida de músico a título de sobrevivência, e o segundo, onde se percebe que a música popular é parte destes músicos, uma realidade mais dolorosa e difícil de aceitar (WISNIK,