RESENHA: “DA SERVIDÃO MODERNA”
"À medida que a opressão se estende por todos os setores da vida, a revolta toma aspecto de uma guerra civil".
De Jean-François Brient, o documentário é uma produção independente, de 52 minutos, baseada em um texto homônimo também do autor. Esse foi escrito na Jamaica, em 2007, vindo a ser transformado em documentário em 2009, na Colômbia; ambos estão isentos da cobrança de direitos autorais e são distribuídos gratuitamente na França e em países da América Latina.
De forma sagaz e bem fundamentada, Brient constrói uma crítica direta às estruturas do sistema capitalista, o qual define como totalitário mercante, acusando-o de ser responsável pela promoção de uma sociedade alienada quanto às instituições de poder, que operam um processo sórdido de escravização dos sujeitos. Primeiramente, essa se dá pelo comércio e os bens de consumo oferecidos, os quais ao contrário do que propagandeiam, conduziriam a um estado de frustração generalizada e vazio existencial por parte de seus consumidores. Por fim, essa subjugação levaria a paradigmas que tornam imprescindíveis a resignação e a renúncia, por parte dos indivíduos, de seus direitos políticos e sua participação nessa esfera social, acarretando um sucateamento da democracia, a qual hoje existiria somente em caráter simbólico.
Essa falta de liberdade quanto às articulações do sistema faria parte da lógica de operação do mesmo: “obedecer, produzir, consumir”. Ideologia esta que, amparada no poder midiático, não aceitaria dissidentes, rotulando como terrorista ou subversivo todo aquele que não render culto àquilo que Nietzsche categorizou como o deus da modernidade, o dinheiro. Complementando o quadro, são abordadas questões como a crescente desigualdade social, a DIT, a coisificação da mulher, bem como a insustentabilidade ambiental de nosso modelo industrial-consumista.
Em tempos como estes, quando os ânimos políticos estão à flor da pele, o documentário vem a ser