Escrito pelos irmãos W achowski e inspirado na série de BD de Alan Moore, “V de Vingança” é um filme cheio de ideias, que fala de assuntos intemporais e tem uma grande contemporaneidade. O filme mostra um futuro não muito distante no qual a Grã-Bretanha é dominada por um regime totalitário que retirou às pessoas todos os seus direitos. Os cidadãos vivem no medo constante de um governo tipo nazi. Apresenta-se V, um paladino mascarado que pretende sublevar as massas da sua apatia submissa e destruir o símbolo do absolutismo – as casas do parlamento. Existem duas dimensões neste filme, o que o torna excepcionalmente provocador em termos de ideias e ideologias. Por um lado, a manipulação política para criar “verdades”, o que é um poderoso problema contemporâneo. O partido de Sutler criou o caos, espalhou um vírus e depois rumores sobre fundamentalistas declarando uma guerra biológica, instilando tanto, medo nos corações da população que esta rapidamente trocou a liberdade por segurança. O filme critica a fabricação política de “verdades”. Por outro lado, o filme explora extensivamente a dinâmica de uma revolução, mergulha no pensamento e padrão por detrás desta. O filme abre com a execução de Guy Fawkes, o homem que tentou fazer explodir o Parlamento de Inglaterra no séc. XVII. A Inglaterra, nessa época, tornara-se protestante e o Governo tinha suprimido os Católicos com mão pesada. Guy Fawkes pretendia que este Governo ditatorial terminasse, para isso decidiu acabar com o próprio Parlamento, mas falhou e foi executado. No filme, V quer imitar Fawkes e usa até uma máscara com a sua cara. Ele ergue a sua voz contra o regime totalitário e quer provocar uma revolução que acabe com ele. Alguns críticos do filme podem argumentar que V é tão empedernido quanto o inimigo. Afinal, o seu ídolo, Guy Fawkes, não pretendia libertar o povo mas sim instalar um rei católico no trono para fazer parar as perseguições e talvez fazer mesmo com que o catolicismo voltasse a ser a religião