Resenha: O riso dos outros
Antes de tudo, o humor nas suas mais variadas formas, serve para descontrair, fazer rir. É algo que faz parte dos momentos bons da nossa vida. Porém, muitas vezes a fonte dos risos vem de algo que não está indo bem e a partir disso cabe a frase “É rir da própria desgraça”. Assim, o humor é uma fuga da realidade que muitas vezes é cruel para maioria, é a ironização das mazelas sociais. Como diz a comediante Marcela Leal no documentário, “Elas estão tensas, a vida delas está um saco e elas vão lá pra descarregar, porque dar risada é bom.”.
A partir desse pressuposto, o filme debate a polêmica por traz dos temas escolhidos para se fazer humor. Em grande parte das piadas, o alvo dos risos são setores minoritários da sociedade e que geralmente sofrem com algum tipo de discriminação. Assim, muitos defendem que algumas piadas são ofensivas e reiteram os preconceitos existentes. Exemplos clássicos são as piadas sobre homossexuais e negros. O cartunista Laerte Coutinho enfatiza dizendo, “O humor dialoga com o preconceito das pessoas.”. Isto facilitaria o processo de naturalização do preconceito na visão de alguns entrevistados no documentário.
É fácil rir do outro quando não é sobre você. É fácil rir de piada sobre gordo quando você não é o gordo. Como diz a atriz Mariana Armellini, “Você só rir da pessoa que caiu porque ela não morreu e porque não era você.”.
Pelo lado do comediante, o que vale é o riso. Você pode rir de algo por ser engraçado, por mais que se funde em algo discriminatório, mas o importante é reconhecer o teor ideológico do que foi dito e saber que a realidade é outra. A piada, como discurso, tem caráter ideológico. O humor pode reforçar ou quebrar com o preconceito. Como diz Hugo Possolo, ator e palhaço, “Você precisa saber de que lado você está dessa