Resenha: o mito da caverna / janela da alma / o enigma de kaspar hauser
A analogia entre “O Enigma de Kaspar Hauser” e o Mito da Caverna, do filósofo Platão, se sustenta basicamente no fato da possibilidade de que uma pessoa sobreviva sem uma noção do real, sustentado apenas pela imaginação e pela ideia de que o homem sustenta alguns pensamentos que o impedem de ter uma visão real sobre a vida, visão essa que seria de fácil entendimento para outras culturas, fato defendido pela análise metafórica de um dos maiores pensadores da Antiguidade.
A produção do alemão Werner Herzog tenta mostrar a necessidade do convívio social pelo homem, mostrando um garoto que foi criado em cativeiro e depois de muito tempo afastado de quaisquer contatos com o mundo exterior enfrenta várias dificuldades para se adaptar à vida de liberto. O documentário “Janela da Alma” também tenta mostrar uma outra visão sobre as coisas, agora retratando a sociedade vista por deficientes visuais, e ligando-se ao conto de Platão, transpondo a história para a atualidade e alegando que a sociedade contemporânea se acostumou a enxergar “vultos”, personagens que sondam a Caverna, e não as imagens reais, fato descrevido por José Saramago, um dos comentaristas do documentário, na frase “nós estamos efetivamente repetindo as ações das pessoas aprisionadas ou atadas na caverna de Platão: olhando em frente, vendo sombras e acreditando que essas sombras são a realidade”.
Analisar o texto, o filme e o documentário como uma única coisa é se esbarrar em divergências encontradas no mundo contemporâneo à respeito de pensamentos, crenças e culturas e em julgamentos sobre certo e errado. Ter contato com essas obras é refletir individualmente sobre o