Resenha "O germinal" sob a ótica do direito trabalhista
O filme narra o processo de produção do trabalho no modelo capitalista, demonstrando o cotidiano dos trabalhadores de uma mina de carvão, chamada de Voraz, na região de Montsou, na França, onde se submetiam a exploração de seu trabalho, realizado sob péssimas condições de segurança e saúde, em troca de uma quantidade ínfima de dinheiro, a fim de garantir a sobrevivência de sua família, o que nem sempre era possível.
As cenas iniciais do filme demonstram claramente as péssimas condições de trabalho as quais se submetiam os empregados, trabalhando sob um intenso calor sem qualquer proteção e adentrando as minas de extrema profundidade por meio de uma espécie de elevador precário que não garantia qualquer segurança. A precariedade do ambiente do trabalho fica evidenciado nas falas de Vincent Maheu, um senhor de 58 anos que conta que todos o chamavam de “Boa morte” em razão de ter sofrido três acidentes graves durante seu trabalho na mina de carvão e ter sobrevivido a todos. Em um determinado momento da cena, Vincent tosse, saindo carvão pela sua boca e, ao ser questionado sobre sua saúde, o personagem justifica que aquilo era resultado do intenso trabalho na mina desde seus 8 anos de idade.
Várias cenas do filme são dedicadas a demonstrar a exploração a que se submetiam os empregados, que trabalhavam em jornadas excessivas e viviam em situação de extrema miséria, lutando para sobreviver através da pequena quantia que recebiam a título de salário. Nota-se que todas as famílias que viviam ao redor da mina de carvão trabalhavam ali, sendo esta a sua única garantia de sobrevivência. Todos os membros da família, inclusive as crianças, estavam destinados a trabalhar no local para que o salário de todos garantisse o