Resenha o alto iluminismo e os subliteratos - robert darnton
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O ALTO ILUMINISMO E OS SUBLITERATOS O filósofo que queria se dar bem no Le Monde do século XVIII pré-revolução, tinha que ter três virtudes: boa aparência, boas maneiras e um tio parisiense. Os philosophe viviam de pensões, das academias, do governo, dos cargos públicos, etc. “a ponto de um assistente ministerial anotar [...]: ‘Há certo perigo de o título de acadêmico tornar-se sinônimo de pensionista do rei’”. Porém essas regalias eram permitidas somente aos escritores muito bem instalados em Le Monde, com boa aceitação, que defendessem o governo e que tivessem influências em Paris. Os subliteratos em vão pediam tais pensões ao governo. Escritores “sadios” eram os que não faziam críticas ao sistema. O governo subsidiava historiographes para escreverem volumes e volumes sobre a história da academia francesa no século XVIII, com o objetivo do Iluminismo, alcançado com sucesso, de conquistar a elite francesa. (p. 24) “Voltaire entendia que o Iluminismo devia começar com os grands: uma vez conquistadas as camadas dominantes da sociedade, poderia ocupar-se das massas – mas zelando para que não aprendessem a ler”. “Le monde” é a expressão do século XVIII equivalente à expressão “ordem estabelecida”. A elite intelectual era erguida graças ao mecenato, e não de forma democrática. Voltaire apoiava esse sistema, pois se beneficiava dele, e exortava seus companheiros a tirar proveito disso, ao invés de desafiá-lo. Com a morte dos primeiros do Iluminismo, como Voltaire e d’Alembert, o movimento ‘se domesticou’, se integrou aos padrões vigentes, e tornou praticamente nulo. Os grandes escritores não mais faziam o papel dos grandes de antes, porém havia ainda um “gume radical” no movimento. Este vinha de baixo, dos subliteratos que não acharam espaço para se encaixarem no sistema, e por isso, se revoltaram contra ele. Os subliteratos fizeram da função de escritor um ofício, para desgosto do alto Iluminismo. Isto porque tinham que escrever para sobreviver. Para