RESENHA A ULTIMA FORTALEZA

LURIE, ROD. A Última Fortaleza. Produção de Dream Works SKG, Robert Lawrence Productions. Direção de Rod Lurie. EUA, 2001.
Uma boa oportunidade para aprofundar a reflexão em torno de liderança (também muito utilizada nas organizações criminosas), relações de poder e suas nuances com o comportamento ético do ser humano, além, obviamente, sobre as condições impostas àqueles encarcerados em condições indignas. O filme “ A Última Fortaleza” se propõe a tudo isso ao retratar a história do general Irwin (Robert Redford), que tem sua liderança testada ao ser enviado para uma prisão militar pela corte marcial do exército, após violar o código de conduta revogando uma ordem direta do presidente dos Estados Unidos da América, colocando a vida de outros militares em risco. Como reconhece sua culpa, ele submete-se à punições da prisão comandada e administrada com mão de ferro pelo coronel Winter. A história mostra uma competição envolvendo os dois militares.
Entre um debate sobre os Direitos Humanos, passando pelo cárcere que humilha ao invés de exercer a sua essência que é privar o criminoso da liberdade e propor a sua ressocialização – nada além disso, em tese, conforme Beccaria -, "A Ultima Fortaleza" foca o exercício da liderança imposta por opressão (Winter) em contraponto com a liderança nata e carismática (Irwin). O pano de fundo da história de competição entre os dois militares que culmina com um motim sobre melhores condições na carceragem e a morte do líder carismático pelo opressor, talvez seja mesmo um debate sobre o delito e as penas.
Beccaria há séculos denunciava: violência gera violência e por isso uma prisão que maltrata ao invés de punir e ressocializar, só piora o ser humano e o faz ainda mais criminoso. O filme destaca o foco em torno da liderança, mais típico dos processos de gestão na esfera da administração empresarial, mas evidencia também a visão da legalidade e do universo do Direito Penal. Não se concretiza propriamente a fragilidade do mundo