Resenha “a sociologia é um esporte de combate”
Em sua concepção, a teoria deveria servir como uma ferramenta para auxiliar a pesquisa e a compreensão do mundo, e para tal é preciso que ela seja testada no confronto com o objeto de estudo. A teoria pode e deve, porém, ser aplicada em contextos diferentes daqueles de sua aplicação original, embora com correções e adaptações. Somente desta maneira uma teoria pode ser aperfeiçoada. De modo geral, nosso “Grande Cara” em questão definia seu trabalho como um “estruturalismo construtivista ou construtivismo estruturalista”, baseando-se na noção de que existem no mundo social estruturas objetivas que informam a ação e a representação dos indivíduos, mas com a ressalva essencial de que estas estruturas são construídas e reconstruídas socialmente a cada momento. Ele procurou, assim, estudar todos os domínios do social, de modo a recuperar a unidade fundamental das práticas humanas, comparando campos aparentemente desconexos, em busca das relações que os ligam. A sociologia deve ser relacional, enfocando as relações sociais objetivas através da quebra com o senso comum, para depois recuperá-lo no momento seguinte da pesquisa, pois a “sociologia espontânea” dos objetos de estudo é essencial para a compreensão de suas práticas. As concepções dos indivíduos são tão importantes quanto as condições objetivas, pois ambas se constroem mutuamente a todo o momento. Embora as condições objetivas informem as estruturas mentais, estas influenciam as primeiras, num processo contínuo: “As divisões sociais e os esquemas mentais são estruturalmente homólogos”. Bourdieu também alerta para a necessidade de se manter uma visão para além do objeto específico de estudo, pois os fatores explicativos encontram-se de modo geral nas estruturas mais amplas do social. Para Bourdieu, a sociedade vive permanentemente em conflito, cuja origem não é somente econômica. A dominação é também simbólica, e está