resenha A sociologia de Pierre Bourdieu
BOURDIEU, Pierre. Os usos sociais da ciência: por uma sociologia clínica do campo científico. São Paulo: Ed. Unesp, 2004. 86 p.
Falar sobre justiça nas relações do mundo científico não parece ser uma tarefa desafiadora, já que a maioria das pesquisas, títulos recebidos, medalhas, possuem comprovações oficiais da competência de quem a conquistou e não se pode duvidar disso, certo? Errado! para Pierre Bourdieu a cena que se desenha é bem diferente da que imaginamos. O autor é sociólogo, filósofo e antropólogo, filho de pais camponeses, nasceu em 1930 no interior da França, em 1975 entra para a Faculdade de Letras em Paris e percebe a diferença cultural que possuia em comparação com a de seus colegas versus conteúdo das disciplinas que assistia, elabora então reflexões a respeito dos fatores que influenciam para que os distanciamentos entre classes sociais permaneçam. É dono de vasta produção intelectual, já recebeu o título de Doutor Honoris Causa em três importantes instituições da Europa.
Tentaremos descrever aqui o cenário científico criado por Bourdieu, mas antes de tudo é necessário apresentar algumas definições que o autor frequentemente aborda em suas obras. No qual o mundo social é construído sobre três conceitos:
- campo - consiste num espaço simbólico no qual os confrontos legitimam as representações dos agentes. É o poder simbólico que classifica os símbolos de acordo com a existência ou ausência de um código de valores;
- habitus - é a capacidade dos sentimentos, dos pensamentos e das ações dos indivíduos de incorporar determinada estrutura social; e
- capital - representa o acúmulo de forças que o indivíduo pode alcançar no campo. Nos capítulos das obras citadas nesta resenha o enfoque caí sobre o campo e capital, já o habitus não será contemplado em detalhes. Para o autor, no campo científico o que está em luta