Resenha - A questão de uma Weltanschauung
Sigmund Freud (1856-1939) foi um médico neurologista e o criador da Psicanálise. Seus escritos somam 24 volumes; no volume 22 se encontra o texto “A questão de uma Weltanschauung”, que logo no início indaga se a psicanálise conduz ou não a alguma Weltanschauung, e caso realmente conduza, a qual delas. Por falar nisto, convém deixar claro que uma Weltanschauung, segundo Freud, seria “uma construção intelectual que seleciona todos os problemas de nossa existência (...), na qual tudo que nos interessa encontra seu lugar fixo”. Assim sendo, encontrá-la seria realizar um dos maiores desejos dos seres humanos, já que todas as suas dúvidas seriam respondidas de alguma forma. O autor afirma, porém, que a psicanálise “é praticamente incapaz de construir por si mesma uma Weltanschauung”, e teria de aderir a alguma já existente. E ainda lembra que a Weltanschauung da ciência não se adequa muito à sua teoria, posto que se limita a estudar só o que pode conhecer e rejeitar o que lhe é estranho. Ao destacar três poderes que podem disputar a posição básica da ciência, afirma que a religião é a única que deve ser considerada realmente contrária aos demais, afinal, é um “poder” muito grande. Tanto que assumia o lugar da ciência, e construía uma Weltanschauung que fazia sentido (e até hoje persiste, ainda que muito abalada). A religião satisfaz a sede que o homem tem de conhecer tudo, acalma seus medos diante de situações adversas que aparecem, e lhe garante um fim feliz e confortável. Por outro lado, os que desprezam seus ensinamentos ficam sujeitos a punições. Até mesmo as crianças são educadas cientes de que têm deveres sociais a cumprir, do contrário serão também punidas. Ainda falando da Weltanschauung religiosa, lembra que há obstáculos ao se buscar estudar a religião como objeto de investigação, pois, por ser de ordem sublime, não