Resenha A Língua de Eulália
O livro de Bagno conta a história de três estudantes universitárias que visitam a tia de uma delas, chamada Irene, professora universitária já aposentada, de língua portuguesa e lingüística. As meninas acham engraçado o modo de falar de Eulália, uma amiga de Irene, que usa termos como “veio”, “cuié”, “trabaio” etc. A partir disto Irene começa a explicar através de aulas que certas palavras consideradas erradas pelos gramáticos, tem sua origem em outras línguas, como por exemplo, o latim.
Cada capítulo do livro representa uma aula ministrada pela professora, no capítulo “Que língua é essa?”, por exemplo, Bagno através da personagem Irene aborda a questão do mito da língua única que aprendemos na escola, de que no Brasil só se fala o português. Segundo ela toda língua muda e varia, e é por isso que não existe a língua portuguesa, o que existe é a norma padrão, que é aquele modelo ideal de língua que deve ser usado e que é contra o português não padrão (PNP), falado pela grande maioria de pobres e pelos analfabetos.
Como podemos ver, a variação trata-se de um problema amplo e complexo que passa pela transformação radical do tipo de sociedade em que vivemos.
Através das personagens, Bagno faz um bom relato das razões pelas quais muitos alunos da escola pública abandonam os estudos, pois o português padrão acaba soando como uma língua estrangeira justamente por não fazer parte do universo cultural desses estudantes.
O capítulo “Um probrema sem a menor graça” nos apresenta um fenômeno lingüístico chamado rotacismo que é a troca de L por R, que pode ser explicado através da origem das palavras no latim.
No desenvolver da obra vamos