Resenha -- wright mills e a simplificação d’a grande teoria
Mills, W. - "A Grande Teoria". In: A Imaginação Sociológica. Rio de Janeiro: Zahar editores, 1965.
WRIGHT MILLS E A SIMPLIFICAÇÃO D’A GRANDE TEORIA
Charles Wright Mills tece argumentos ácidos aos grandes teóricos e suas teorias que partem de grandes generalizações, mostrando que o trabalho científico e a busca em provar seu valor acabam por transformar o trabalho em uma argumentação demasiadamente complexa e conseqüentemente barrando o entendimento das pessoas em geral, e exemplifica que uma linguagem mais simples é possível, quando analisa e “traduz” o livro do sociólogo estadunidense Talcott Parsons, afirmando que “de modo semelhante, suponho, poderíamos traduzir as 555 páginas de The Social System, fazendo delas umas 150 páginas de linguagem direta”. Todo o texto de C. Wright Mills é estruturado para rebater a questão: “Como é possível a ordem social?”, onde Talcott Parsons acredita que este equilíbrio social é mantido pela socialização, entendida como sendo as ações que moldam o recém-nascido transformando-o em pessoa social, e pelo controle social, conjunto de ações que possibilitam os indivíduos agirem dentro de condutas previamente esperadas, desejadas e aprovadas no sistema social. Mills argumenta que o alto nível de abstração provoca a fuga de um entendimento no contexto histórico provocando uma “irrealidade tão perceptível”, pois esta “grande teoria embebedou-se de sintaxe, e ficou surda à semântica”, para o autor não há uma teoria que abarque tais esquemas universais descrevendo sua estrutura social, e sim uma variedade de estruturas sociais estabelecendo relações com o contexto histórico. Pode compreender, portanto, como correta a postura e argumentação de Mills quando se esforça para eliminar uma linguagem que tem como finalidade tergiversar ao real objetivo do trabalho científico e por demonstrar que a criação de superestruturas como a de Parsons não possibilita o entendimento a que se propõem encontrando abrigo